sábado, 18 de agosto de 2012

O Meu Pé de Laranja Lima-1980

Lp Novela Meu Pé De Laranja Lima/band/1980-rarissímo/novo.
O Meu Pé de Laranja Lima foi a segunda adaptação do romance Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, para telenovela, com texto de Ivani Ribeiro e direção de Edson Braga. Foi produzida pela Rede Bandeirantes e exibida de setembro de 1980 a abril de 1981.
Esta versão era uma regravação da telenovela produzida pela extinta Rede Tupi dez anos antes. Teve menos capítulos e alcançou audiência considerável. A emissora reapresentou a telenovela em diversas ocasiões, nos mais variados horários.








Dante Rui & Baby Garroux(Caetano e Jandira)
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Sinopse

Mostra a vida do pequeno Zezé, um menino pobre que conversa com o pé de laranja-lima e estabelece uma bonita amizade com o velho português Manuel Valadares, o "Portuga", um solitário.
http://babygarroux.net/Fausto%20Rocha-Laranja%20Lima.jpg

 

Elenco

4 comentários:

  1. Poderíamos dizer que as agruras de Zezé obtêm tanto sucesso pelo atavismo com o espírito nacional, acima de qualquer crítica ou racionalização. Mas a verdade é que a obra foi traduzida para dezenas de idiomas -- até em quadrinhos na Coréia -- e mantem fôlego intacto, quem sabe esperando nova releitura cinematográfica, além das três -- duas na Tv Bandeirantes, uma na Tupi -- que recebeu em formato de telenovela.

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  2. Na sua psicose tão brasileira, amigo de árvore, nas picuinhas paroquiais de família, na saudade de uma inocência que morre na última cena, José Mauro de Vasconcelos fez-se personagem universal. Aurélio Teixeira, apesar de sempre filmar com habilidade e elegância, não extrai de todo as capacidades do livro. Imita certo ar de Emilio Fernández, de fatalismo mexicano, sem conseguir o resultado esperado. Faria melhor, no ano seguinte, com "Soninha Toda Pura".

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  3. Não é minha intenção, nem de longe, querer estragar a infância de ninguém, mas "Meu Pé de Laranja Lima" (1970), tanto o livro de José Mauro de Vasconcelos, quanto as adaptações para cinema e teledramaturgia, sempre me pareceu um conto fantástico sobre esquizofrenia infantil.

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  4. Inadaptado, crítico ao extremo, ouvindo conselhos de uma árvore, é fácil encontrarmos a vinheta do menino Zezé em algum compêndio de psiquiatria. Principalmente aqueles antigos, dos anos 1950, quando o didatismo extremo se misturava à falta de atenuantes.

    O filme de Aurélio Teixeira, realizado imediatamente após o lançamento do livro, de 68, revelou-se ainda mais onírico, abraçando sem medo uma atmosfera de infância profunda. Mecanismo semelhante, de trabalhar as sombras dos primeiros anos, pôde ser visto no recente e excepcional "Eu Me Lembro" (2006), de Edgar Navarro. Ou até no supervalorizado "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburguer. Entretanto o que assusta em "Meu Pé de Laranja Lima" é a retórica espúria, psicologizante: um menino em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro, que não via santos nem admirava pirilampos. Patético, conversava com uma árvore.

    O escritor, crítico e jornalista Assis Brasil, elucidando a obra de outra grande escritora brasileira esquecida, Maura Lopes Cançado -- autora de "Hospício é Deus" -- afirmou, certa vez, que a matéria-prima do escritor brasileiro são "draminhas domésticos e ligeiras crises passionais", opondo Maura -- e seu drama real -- a esta futilidade. Tal condicionamento pode ser percebido também na autobiografia de Vasconcelos; um drama mínimo, elevado a amplo retrato da sociedade e do meio.

    Bangu -- região fabril carioca, dos lugares mais quentes do planeta -- foi substituída nas filmagens pela aprazível cidade de Vassouras, nas lonjuras da serra fluminense. Zezé (Júlio César Cruz), o menino, é filho daquele país educado e civilizado de outrora. Pobre ao extremo, duela entre o respeito e a traquinagem com os adultos.

    É um menino "bom", o juízo de Aurélio Teixeira deixa claro. E o adjetivo "bom" aqui não carregava qualquer relativização moral ou idiossincrasia social. Ser bom nada mais era -- à velha maneira cristã e latina -- reservar um olhar piedoso e tolerante ao próximo.

    "Bom", Zezé cuida do irmãozinho mais novo, trabalha para comprar cigarros para o pai desempregado e, em acessos de culpa, julga-se ainda um menino "mau", naquele microcosmo sufocante. Nietzsche chamaria Zezé de besta quadrada, mas a história insiste em mostrá-lo com a sensação de responsabilidade nos mínimos erros, nos mínimos escorregões infantis.

    Culpado daquilo que não podia controlar, mártir da covardia alheia, eis que surge o pé de laranja lima para tranquilizá-lo. Junto com ele, o amigo Portuga (o próprio Aurélio Teixeira), e a professora (Maria Gladys), que se emociona por Zezé abrir mão de um doce para outra aluna, ainda mais pobre que ele. Diálogos escritos por Aurélio e pelo jovem Braz Chediak, canções de Francisco Alves -- o eterno Chico Viola -- trilha-sonora de Edino Krieger e lágrimas em profusão, terminam por transformar o rocambole em um intenso melodrama.

    A quadrilogia autobiográfica de José Mauro de Vasconcelos é bem mais sóbria: "Vamos Aquecer o Sol", de 1974, sobre a mudança para Natal, Rio Grande do Norte; "O Doidão", de 1963, sobre sua adolescência; e "Confissões do Frei Abóbora" -- este adaptado ao cinema por Chediak -- 1966, sobre a vida adulta. Curioso que, além de escritor, José Mauro foi também modelo, esculpido por Bruno Giorgi no Palácio Gustavo Capanema, antiga sede do Mec, no Rio.

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